domingo, 10 de agosto de 2014

"Um retiro abençoado"


O país unia-se em alvorosso!
O Euro 2004 trazia uma alegria contagiante aos corações Tugas e,
pelas ruas estreitas da zona ribeirinha aglomeravam-se camisolas de todas as cores e nacionalidades.
Entre uma bejeca e uma francesinha esqueciam-se os partidos e uniam-se corações.
Eu buscava algo mais que uma mini ou um tremoço...

Uma vaga num dos hoteis da cidade do Porto!
Digamos que iria começar uma espécie de missão impossível...
uma vez que a cidade estava a transbordar de forasteiros.
Hotéis de 5 estrelas, de 2 ou mesmo de nenhuma estrela estavam todos ocupados.
Virei-me então para as pensões...
De telefonema em telefonema a resposta repetia-se.
"Estamos lotados, menina!"
O pânico começou a sombrear-me o raciocínio e resolvi ligar para a empresa a pedir ajuda.
Do outro lado atende-me uma secretária estagiária (bonito...)
Depois das apresentações feitas virei-me para o mais importante, um quarto para 4 noites.
Do outro lado ouço um "Concerteza" cheio de entusiasmo e desligei com uma nova sensação de alívio.
Dali em diante o meu telemóvel não parou.
Tinham-me descoberto umas pensões no centro do Porto LIVRES!
FANTÁSTICO!!!
Sem perder tempo ligei de imediato.
Do outro lado atende-me uma voz de senhora com pronúncia brasileira:
"Alô? Sim sim. Temos vagas garota! Para quantas horas é?"
Do meu lado fez-se silêncio...
(Devo ter ouvido mal.)
Pedi para repetir alegando que a ligação estava má.
A pergunta repetiu-se.
(Meu Deus... Para onde estaria eu a ligar??)
De novo o silêncio...
Engoli em seco e desliguei.
Estava feita... só havia pensões de "pagamento à hora"!

Agora a desmotivação era completa.
Vagueava pelas estradas olhando a minha mala de viagem no banco de trás e já imaginando a posição que adoptaria se decidisse dormir no carro.
O telemóvel tocou de novo e dei um salto.
Seria a Sra. da "pensão à hora"??
Ufa... felizmente era a secretária-estagiária da empresa.
Atendi sem grande paciência mas um atropelamento de palavras saltou do outro lado dizendo que tinha arranjado um local PERFEITO!
Ainda sem perceber nada, deixei-a falar sôfregamente mais um pouco.
Parecia real.
Encontrara um sítio para pernoitar.
Nem acreditava!
A localização parecia perfeita.
Tinham vagas para as 4 noites e serviam pequeno-almoço e tudo.
Bem, pelo sim pelo não, lá fui eu então.
Passando a ponte da Arrábida entrei nos subúrbios, pacatos e familiares.
Avisto um hotel com muito bom ar e, pela descrição da localização dada pela secretária estagiária, seria aqui.
Ufa...
Cheguei...
Vou finalmente poder tomar um banhinho!
Apressadamente entro na recepção e dou o nome sem demoras.
Do outro lado a coisa demora-se.
Começo a inquietar-me...
"Tem a certeza que a reserva está neste nome?" - pergunta-me a recepcionista com uma pronúncia carregadíssima.
Tive para lhe responder à tripeira, mas contive-me. 
"Sabe, é que estamos lotados. E esse nome não se encontra aqui no computador."
Pronto... comecei a ferver...
Depois de ter passado o dia na estrada num calor infernal, levar com as obras das pontes por causa do Euro, lidar com pensões de "pagamento à hora" e já cheia de fome... resolvi educadamente mostrar a morada à menina antes que me fosse às suas goelas em forma de pit bull!

"Esta morada é daqui sim, mas é do outro lado da avenida. É um retiro de padres onde os ranchos folclóricos costumam ficar durante as festas da Nossa Sra. dos Aflitos."
(Hummm?? Seria do calor, ou tinha acabado de ouvir que tinha reserva num retiro de padres??)
O meu sorriso amarelo agradeceu a informação e a minha mão fechada em forma de murro arrastou a mala até ao outro lado da estrada. 
Já com os dentes cerrados e os olhos raiados, entro no retiro com uma aurea de anti-cristo.
Assim que entrei deparei-me com imagens e cruxifixos por toda a parte.
Vitrais, velas, rendas e um cheiro peculiar a pataniscas de bacalhau.

"Benvinda minha menina! Já sei quem é, temos aqui a sua reserva."
Ainda tentei fazer o meu olhar maqueavélico nº49, mas o quadro da última ceia por detrás da recepção remeteu-me para o desespero de uma comidinha caseira.
Pela escadaria em madeira escura, o senhor Matias da recepção levou-me aos aposentos, contando-me a história deste retiro.
Enquanto subia os degraus impecavelmente encerados, olhava em volta e tudo se assemelhava a um convento ou igreja.
Glup.
Imagens de santos e quadros com imagens bíblicas vagueavam pelos corredores interiores.
Chegando ao quarto já me imaginava caír redondamente no colchão e morrer para o mundo nas próximas 8 horas.
"Aqui está menina, chegámos, é o nº 14."
Disse-me sorridente o Sr. Matias, enquanto abria a porta com uma chave de ferro, versão "Claustro".
"Tem um armário para colocar a sua roupinha e água quentinha. Durma bem!"
Entrei a medo, agradecendo com a cabeça e esbocando um sorriso forçado.
Fechei a porta e senti o silêncio.
Não podia ser assim tão mau.
Olhei a cama, pequenina e dura e sentei-me para respirar fundo.
O armário da roupa em nada se assemelhava a um roupeiro.
Pequeno e espetado na parede, cabia uma camisa e uma ou duas camisolas, no máximo.
Inclinei-me para trás para espreitar a casa de banho e dei um salto!
Na parede da cabeceira encontrava-se um colossal cruxifixo de madeira escura, com quase metro e meio.
Seria impensável ter pesadelos ou sonhos eróticos naquela cama!
Medo...
Mas o cheirinho a pataniscas de bacalhau que vinha da cozinha era um mimo e nesta fase de tormento seria o fim das minhas lamúrias.
De banhinho tomado desci para a sala de refeições.
A D. Maria, esposa do Sr. Matias, albergava nos braços uma travessa de pataniscas de bacalhau direitinha para a mesa. 
Os meus olhos já nada viam senão comida, portanto sentei-me à mesa e limitei-me a esperar até o prato ficar cheio.
De repente ouviram-se vozes no corredor da recepção.
A voz do Sr. Matias transformara-se em gargalhadas de alegria.
Quem seria??
O retiro estava vazio, só cá estava eu... feita Madalena arrependida.
O alvoroço sobressaíu para o corredor e entraram aproximadamente 20 padres no salão de jantar.
Ainda tentei fugir... mas entraram a cantarolar e a benzer tudo e todos.

ARRRGGGG....
(fizera eu mal a alguém nos últimos tempos para levar com esta água benta toda??)
Engoli o jantar e escapuli-me para a rua alegando querer vêr o jogo Portugal-Holanda... acho eu...
Parecia em 5 segundos Judas a fugir da cruz!

Lá fora tudo gritava também, mas desta vez por causa do jogo.
Menos mal...
As mesas enchiam-se de cervejas e pratos de tremoços.
Ajeitei-me numa mesinha de canto e pedi uma coca-cola (fraquinha...)
O jogo já estava a 10 minutos do fim.
Tudo se descabelava, estávamos empatados.
Não sei o que seria melhor neste momento...
se cantar com os padres as músicas do eucaristia ou levar com os gritos de bêbados frustrados.
No quarto também não tinha televisão... portanto deixei-me ficar.
Quando já piscava o olho entre o João Pestana e o prolongamento do jogo... ouviu-se uma gritaria em coro.

GOOOooooooOOOooLLLlllloOOOOOOOooooo!!!!!

Pronto... ao menos Portugal ganhava o jogo! Seria a boa notícia do dia!
De repente a minha mesa encheu-se de cervejas e entremeadas gordurosas e, vindos do nada, um grupo de camionistas abalroou-me em euforia.

Poooortugal! Poooortugal! Poooortugal! Poooortugal!

Ok... pode haver cruxifixos, eucaristias e água-benta, mas os padres são definitivamente uma companhia mais bem cheirosa que esta.

HUMPF!



Baseado em factos reais - 2004

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

As mulheres de 30

A culpa é das mulheres de 30.
Sim.
As mulheres quando chegam aos 30 têm 2 opções:
Ou casam ou fazem carreira.
As que casam, fingem que ainda acreditam no amor eterno (sabendo que a infidelidade irá acontecer mais cedo ou mais tarde). Mas vão conscientes. Já passaram por uma ou duas rupturas mais chatas e já acordaram para a vida.
As que não casam, ou porque são espertas ou porque não acharam um companheiro à altura, viram-se para o lado profissional e aí vão elas.
Trabalham de sol a sol, confiantes e independentes. Compram casa sozinhas e arranjam um gato. Comem saladas ou Nestum (nas noites mais difíceis) e estão sempre no computador até altas horas.
Saem à noite como faziam nos 20, mas desta vez com glamour e champanhe. As jantaradas com os amigos envolvem restaurantes mais caros e recomendados pela Time Out.
Enfim. Um perigo.
É esta geração de mulheres que estraga tudo.
Sim. Construi uma teoria.
Ora vejamos:

Quando perguntamos a homens de variadíssimas idades, que tipo de mulher gostam, as respostas não variam muito...
        Bonitas, boas na cama, que não sejam chatas, que cozinhem-lavem-passem (leia-se uma só categoria), que saibam conversar, que cuidem deles (para além da mãezinha) entre outras parvoíces sexuais que não são para aqui chamadas.

Ora bem... se fizermos um breve casting:

Mulheres de 20:
        Bonitas – Checked! (já não há acne e ainda não tem ruguinha)
       Boas na cama – Hmmm.... algumas...
        Que não sejam chatas – A imaturidade dos 20 provoca inseguranças que levam a algumas infantilidades nas discussões, quando o assunto são ciúmes...
        Que cozinhem-... – ESQUEÇAM!
        Que saibam conversar – Talvez 50%
        Que cuidem deles – Resposta: “Porque é que não vais ao médico ou ligas à tua mãe??”

Mulheres de 40:
        A beleza em algumas assemelha-se às das suas mães... umas gordas, outras “caídas”
        Boas na cama – Checked! (se não te fazem o que gostam é porque não querem. Já aprenderam tudo!)
        Não são nada chatas, querem é que vocês vão ter com os amigos ao café para poderem ver as novelas em paz.
        Cozinham-lavam-e-passam – Checked! (Bendita geração em que as mulheres aprendiam a fazer tudo)
        As conversas podem ser óptimas, mas por vezes é sobre as personagens das novelas ou dos filmes.
        Cuidam deles sempre que adoecem, mesmo que seja porque apanharam uma bebedeira com os amigos num bar de alterne. – Checked!

O problema está nas mulheres de 30!

Vejamos as escolhas dos homens:

Os miúdos de 20 querem-nas na cama para aprenderem a fazer maluquices.
Os homens de 40 querem-nas para conversar sobre o divórcio, já que ir ao psicólogo é coisa de maricas.
Os homens de 50 querem-nas para mostrar aos amigos e provarem que ainda conseguem fazer umas coisas malucas mesmo que seja com viagra.
Os homens de 60 querem-nas para lhes poderem apalpar o rabo e para que elas lhes leiam a bula dos medicamentos.
Os homens de 70 querem-nas para poderem contar as histórias da tropa e da guerra como se tivessem sido o Elvis.
Os homens de 80 querem-nas porque tremem tanto das mãos que precisam que elas lhes ponham os pingos correctos nos olhos.

Faltam os homens de 30!

Os homens de 30 não sabem o que querem! Ahahahahahahahahha!!!
Uns casam, outros traem, outros viram gay!


                                                The End


quarta-feira, 31 de agosto de 2011

TicK...TacK! TicK...TacK!

Hoje quando acordei tinha 34 anos...
Mmmm...
Há uns dias tinha bem menos... acho eu.
Vestia jeans rasgados, t-shirts com frases cómicas e achava-me perfeitamente inserida na sociedade.
Roía as unhas, fazia estalinhos com a pastilha elástica e cantava em karaokes.
Quando saía era uma Festa!
Acendia os cigarros dos amigos, bebia vodka à borla e dançava até amanhecer.
De manhã era o drama...
Três despertadores... 5 minutos de diferença.
Um erro... tocavam todas as minhas músicas favoritas.
Corria constantemente para o comboio.
Nunca chegava a horas.
Aparecia sempre de cabelo molhado, 10 minutos depois da hora, sem maquilhagem e em jejum.
Não fazia mal... sorria e pronto.
Era eu.

Hoje, passados uns dias...
chego sempre a horas.
Uso maquilhagem, saltos altos e roupa impecavelmente passada a ferro.
O cabelo já não vai directo do duche para as reuniões.
As unhas cresceram e pintam-se com uma frequência quase obrigatória.

Situação emocional... depende dos dias.
Casada? Não, obrigada.
Filhos... um dia.
Profissão... ocupada e stressada.
Casa própria... T2 para uma loira e um gato persa (surdo)
Janto muitas vezes cereais...
mas cozinho divinalmente quando estou apaixonada (don't ask!)
Metade dos meus amigos são casados, divorciados, novamente casados e com uma média de 2 filhos (não do mesmo casamento)
O meu telemóvel toca constantemente...
"Psicóloga matrimonial Bom Dia! Em que posso ser útil?"

No frigorífico existem 2 coisas imprescindíveis!!
1 - tupperwares com comida caseira directamente da casa da minha mãe
2 - gelado de chocolate, morango, nata, profiteroles e chantilly
(leia-se 1 categoria apenas)
Aos fins de semana acordo quando me apetece ou quando as crianças do lado vêem os desenhos animados das 7H da manhã aos gritos.
Se me apetece vou correr... senão vou aos pasteis de Belém.

E agora se me perguntarem...

se saio menos e estou mais caseirinha...?

Mmmmm....

Nem por isso...

PARTYYYYY!!!!!!! :o)

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

"My precious... Taxi??"


Sempre que viajo para fora do país, 
a melhor forma de me deslocar para locais 
que não faço a mínima ideia onde sejam, é de taxi.
Algo comum para toda a gente.
Seja ele uma carroça puxada por cavalos (versão Nova York), 
seja numa Triquibike (versão Copenhaga),
seja num típico verde, branco ou Taxi amarelo.
Taxi é Taxi!
Já os taxistas... esses sim diferem bastante...
Há quem diga que são a imagem de marca do país!
Ou não...
Para quem conhece o típico 
Taxi-tuga-velho-ferrojento-careiro-conduzido-por-uma-alminha-mal-cheirosa-e-aldrabona... quer dizer... está pronta para tudo!
Pois... enganei-me!
Quando viajei para Oslo, conheci uma outra versão!
Oslo em si é uma cidade pequena, quase uma vila.
Típicamente nórdica. 
Onde tudo é limpinho, educado, arrumadinho, loirinho e 
MUITO CARO!
Na primeira noite fomos jantar a um restaurante típicamente norueguês, indicado pelo Hotel como sendo o Melhor da Cidade.
E trá-lá-lá, lá fomos nós todos contentes da vida.
O ambiente era glamouroso e requintado.
Sussurrava-se a ementa, a qual não entendíamos,
mas sorríamos satisfeitos por apreciar o pôr-do-sol ao longo das paredes de vidro.
O preço do bife era igual ao da lagosta!
O dos vinhos tinha três dígitos!
Mas nada iria estragar este fantástico jantar na terra dos Fjörds.
Nem que só houvesse Carpa! Tirava-se as espinhas e pronto!
(Odeio pobre! Humpf!)
Pedimos Lagosta!
Era a loucura!
E vinho Francês!
Meu Deus!!!
A conta foi directamente para o Visa 
e lembro-me de fazer o conhecido número de palhacinho 
"Olha ali um avião!!", 
mas não... o empregado de mesa nem pestanejou... humpf!
(verdade verdadinha é que o Visa não era o meu... Ufa!)
Olhei com ar de Calimero e obtive um "Pfff..." que me tranquilizou.
(felizmente ainda há cavalheiros!)
Como todas as cidades cosmopolitas, 
a vida nocturna convida a dar um saltinho ao Club da moda.
Já no terraço do Hotel, o ambiente acomodava-se.
O espaço era fantástico!
A festa começava aqui.
Pessoas bonitas e bem dispostas
(alcool... claro, não havia palhaços)
Mas a tão badalada Disco esperáva-nos 
e num salto apenas fomos para a rua em euforia.
Assim que virámos a esquina começou a chover.
Hmmm... ir a pé estava fora de questão!
Abrigámo-nos debaixo de um varandim 
e aguardámos que viesse um Taxi.
Ouviam-se risos e vozes de mulheres.
Três raparigas, negras como a noite, 
mini-saias e tops flurescentes abrigaram-se da chuva perto de nós.
E do nada, homens sequiosos apareciam um a um.
Parecia em poucos minutos a Bolsa de Valores de Hong Kong!
Disputava-se valores numa versão linguística imperceptível.
Afinal, estávamos à chuva numa esquina.
Um belo spot para a prostituição de Oslo!
Taxis nada!
De repente, do meio da chuva surge uma luz 
e o tão aguardado Taxi chega.
Assobiei, gritei e saltei para o meio da estrada.
Só queria fugir dali.
Entrámos de rompante 
sem nos apercebermos que falávamos em português, 
enquanto ainda nos ríamos da situação anterior.
Sacudi o cabelo, passei o gloss, 
mas lembrei-me que tinha de dizer a direcção ao taxista.
Ao meu lado já se fazia silêncio.
Ninguém respirava.
Embasbacados olhavam para mim sem pestanejar.
Pensei: "Ok, tenho de ser eu a perguntar ao senhor se fala Inglês."
Inclinei-me para a frente e disse: "Hello! Do you speak English?"
Do outro lado ouço:
"Hellooooo... yes..." e pareceu-me ver então o Smeagol em pessoa agarrado ao volante!
Juro!
O próprio Smeagol ou Gullum ou wathever do filme "O senhor dos aneis".
Um ser atarracado, meio careca, com uma cabecinha muito pequenina e orelhas proeminentes, olhos azuis gigantes e redondos e uns bracinhos de criança de 6 anos.
E a seguir ouço uma vozinha de desenho animado a proferir:
"Where do you want to go?"
Estremeci.
Gaguejei.
Engoli em seco e soletrei o nome da discoteca para onde queríamos ir.
E este pequenino Smeagol-taxista, sentadinho em duas almofadas põe um boné azul e sorri:
"It's not far from here, but we have to go arround because these streets are one way only."
Ainda pensámos saltar em andamento... mas não.
(Glup!)
Andámos às voltas pelo centro de Oslo, ora para cima, ora para baixo.
Passados 15 minutos chegámos ao destino (ou não...)
O Taxi parou e o pequeno Smeagol-taxista tirou o boné, olhou para trás e fez um sorriso de criança inocente:
"Here we are!" - disse numa vozinha de Rato Mickey.
Carregou no seu pequenino computador de bordo (qual Playmobil) e presenteou-nos com uma conta do tamanho de um comboio.
Ainda tentei agarrar as notas por um segundo, mas o pequeno e maléfico ser arrancou-mas da mão com um olhar reluzente.
Para colocar a cereja no topo do bolo, quando saímos do Taxi reparámos que estávamos apenas na terceira rua paralela à do Hotel!
Ok...
Até podíamos fazer queixa, mas que iríamos nós dizer??
"Óh Sr. Guarda, fomos roubados pelo SMEAGOL!!!"
Buááááááááááááááá......
(baseado em factos reais - 2008)

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

"As sandálias douradas"


Tic-Tac! Tic-Tac! Tic-Tac!
O relógio já acelerava os meus passos 
a caminho do aeroporto.
Heathrow é um caos!
Já o sabia...
"One luggage only, please!"
Milhares de pessoas de todos os tipos, cores e línguas, 
acotovelavam-se para chegar à porta de embarque.
Era a loucura na terra de Sua Majestade!
Chegando à seccurity zone não há cá "mas" nem meio "mas"
É tudo ao molho e despe a calçinha!
Ups...o casaquinho...
e tudo
para dentro do raio X!
Neste momento todas as pessoas à minha volta
tranformavam-se em pequenos seres maquiavélicos expressando sorrisinhos e
piscadelas de olho aos guardas presentes.
Agora era o vale tudo!
As personagens pareciam saídas de um autêntico filme de Hitchcock.
Tipo A:
Fofinho-inofensivo (versão: Shreck gato-das-botas)
Tipo B:
Cafeíno-dependente (versão: "Todos me perseguem! Sou uma vítima da sociedade!")
Tipo C: 
Maníaco-deprimente (versão: "Juro pela minha mãezinha que esta droga não é minha!")
Entre um extraterrestre e outro, 
venho eu,
menina loirinha "tru-li-lu" 
feliz e contente,
aos pulinhos pelo corredor da morte. 
Quando de repente...

Ding! Ding! Ding!O alarme disparou!
Eu sabia!
Ia presa!!!!!
BUUUUÁÁÁÁÁááááááá....

Ok... era o meu relógio...
Ufa...

De repente sinto os olhares desviarem-se na minha direcção!
Tcham Tcham Tcham Tcham!
(parecia ecoar então a música do filme "O Tubarão")
Os seguranças já eram três!
Cochichavam entre si e apontavam na minha direcção.
Uma delas tinha um lenço na cabeça
tipo Talibam!
Era agora!
Estava tramada!
Neste momento já imaginava um cerco de polícia britânica
em busca da espia russa Nikita!
Era o fim das minhas Avé-Marias e dos meus Pais-Nosso!
Se havia altura para me redimir dos meus pecados era agora...
(Mãezinhaaaaaa... já não sou virgem!)
Quando já me tinha descabelado toda e
me aprontava para lançar o típico boato de BOMBA! 
(seria perfeito aqui em Heathrow...) 
uma das seguranças aproximou-se de mim.
Era chegada a hora do APALPÃO!
(GLUP!)
"Excuse me Miss, my collegue has a weading next saturday and we were wondering where did you buy those beautiful gold sandals!"

HUMPF...
(baseado em factos reais - 2007)

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

"A Desbocada"


A vida no escritório tem um especial encanto.
Nomeadamente o facto de todos falarem da vida alheia.
Aqui, não é excepção.
Os apetites andavam vorazes e um pequenino boato tornava-se motivo de assembleia geral.
Especialmente desde que se espalhou um intrigante boato...
"A barriguinha proeminente da Sra. Directora!"
A loucura instalou-se na zona de fumo 
e chegou até à sala das fotocópias.
Era oficial!
Todos se coçavam, questionavam, faziam pinos e piruetas...
Perguntar-lhe...
tá quieto...


-"Vai lá tu, foste promovido"


-"Nem penses, tenho mulher e filhos!"


-"Vá lá, ela gosta tanto de ti..."


-"Tás doido?? No mínimo queimava-me com as beatas!!"


A cobardia apoderara-se do batalhão...
Ninguém se oferecia.
Todos se encolhiam.
Ok... eu explico.
A nossa Directora era uma pessoa muito especial 
(tinha um feitio de merda, pronto!)
e NADA nem NINGUÉM ousava questioná-la no que quer que fosse.
Muito menos numa mera questão pessoal.
O tempo foi passando...
A "barriguinha" continuava...
E toda a equipa já arrancava cabelos e ameaçava cortar os pulsos.


-"Quem é que vai lá afinal?"
(silêncio)


O problema mantinha-se...
A solução... nem vê-la....


-"Eu vou... pronto..."
(disse eu na esperança de ninguém me ouvir)


De repente tudo se iluminou!


-"Weeeeeeeeeeeeeeeeeee..."
(Fizeram uma onda em minha homenagem)


-"ÉS A MAIOR!!!!"
(louca... só pode)


-"A MALTA ESTÁ CONTIGO!!!"
(parecia uma formação de Cheerleaders)


E eu... ok...
O mal estava feito!
Enchi-me então de coragem,
respirei fundo
e caminhei de cabeça erguida para a guilhotina.
Naveguei por mares nunca dantes navegados, 
caminhei por vales e montanhas, matei Ogres e Dragões... 
Ok...caminhei entre o hall de entrada e o gabinete da direcção.
Benzi-me três vezes, despedi-me do meu cão em pensamento
e bati à porta.


Nock! Nock!


-"Entre!"


Todos se atropelaram para colar o ouvido à porta.


-"Olá Dra. Gisela, como está? Ai que bem que está hoje! Como vai o maridinho-o-cão-a-sogra-o-canário-e-essa-saudinha? 
(começou a saír-me tudo em velocidade cruzeiro)


GLUP! 
(engoli em seco e continuei...)

-"Errr... a Sra. Dra. está grávida, não está? 
(e esbocei o sorriso mais idiota de que alguma vez me lembro)


-"Hmmm... sabe... 
ando com uns problemas intestinais ultimamente..."
(Ooooops....)

(baseado em factos reais - 2002)

segunda-feira, 4 de maio de 2009

" Cansei de ser Sexy "

Descobri finalmente o meu segmento de mercado.
Um nicho de mercado subvalorizado.
É.
Inclui Arrumadores de carros, Lavadores de vidros de automóvel e Camionistas.
E pronto!
Tá dito!
De que vale andar por aí a olhar para betinhos de risco ao lado, quando na verdade me caiem no colinho estes verdadeiros seres iluminados?!

É um miminho...

Ora vejamos:
- estacionamento VIP à porta do escritório e afins
- vidros do carro sempre lavadinhos cada vez que desço das Amoreiras para o Marquês
- Piropos e assobiadelas cada vez que percorro a A1

Não é o máximo?

Outro dia causei um engarrafamento...
ups...
só porque o meu fã das lavagens de vidros resolveu fazer um coração de espuma no vidro do meu carro.
Que querido...
Diz-me coisas super românticas... tudo em Romeno...
Não percebo nada... mas acho o máximo.

Já o meu arrumador é um fofo!
Até bilhetinhos no pára-brisas do carro me deixa desde que lhe dei uma caneta a dizer Viagra.
Deve ser da Primavera...

E quando ando na estrada?!
Ui... é uma festa!
Pagam-me o pequeno almoço nas estações de serviço, mostram-me as tatuagens, colocam o nº de telemóvel na janela do camião e apitam em forma de canção (até rimou... lindo)

Portanto, meus-queridos-betinhos-bem-cheirosos-de-covinhas-na-cara, perdoem-me a sinceridade, mas vou render-me aos encantos dos meus fãs!
É.
Deixem de fazer boquinha sexy e de me mostrar os vossos carros desportivos;
guardem os vossos Iates de Luxo e flutes de champanhe, jantares de velas e festinhas da moda.
Cansei!
Agora é só Feiras e cerveja, bifanas e Pimbalhada!

Fuiiii...