Sempre que viajo para fora do país,
a melhor forma de me deslocar para locais
que não faço a mínima ideia onde sejam, é de taxi.
Algo comum para toda a gente.
Seja ele uma carroça puxada por cavalos (versão Nova York),
seja numa Triquibike (versão Copenhaga),
seja num típico verde, branco ou Taxi amarelo.
Taxi é Taxi!
Já os taxistas... esses sim diferem bastante...
Há quem diga que são a imagem de marca do país!
Ou não...
Para quem conhece o típico
Taxi-tuga-velho-ferrojento-careiro-conduzido-por-uma-alminha-mal-cheirosa-e-aldrabona... quer dizer... está pronta para tudo!
Pois... enganei-me!
Quando viajei para Oslo, conheci uma outra versão!
Oslo em si é uma cidade pequena, quase uma vila.
Típicamente nórdica.
Onde tudo é limpinho, educado, arrumadinho, loirinho e
MUITO CARO!
Na primeira noite fomos jantar a um restaurante típicamente norueguês, indicado pelo Hotel como sendo o Melhor da Cidade.
E trá-lá-lá, lá fomos nós todos contentes da vida.
O ambiente era glamouroso e requintado.
Sussurrava-se a ementa, a qual não entendíamos,
mas sorríamos satisfeitos por apreciar o pôr-do-sol ao longo das paredes de vidro.
O preço do bife era igual ao da lagosta!
O dos vinhos tinha três dígitos!
Mas nada iria estragar este fantástico jantar na terra dos Fjörds.
Nem que só houvesse Carpa! Tirava-se as espinhas e pronto!
(Odeio pobre! Humpf!)
Pedimos Lagosta!
Era a loucura!
E vinho Francês!
Meu Deus!!!
A conta foi directamente para o Visa
e lembro-me de fazer o conhecido número de palhacinho
"Olha ali um avião!!",
mas não... o empregado de mesa nem pestanejou... humpf!
(verdade verdadinha é que o Visa não era o meu... Ufa!)
Olhei com ar de Calimero e obtive um "Pfff..." que me tranquilizou.
(felizmente ainda há cavalheiros!)
Como todas as cidades cosmopolitas,
a vida nocturna convida a dar um saltinho ao Club da moda.
Já no terraço do Hotel, o ambiente acomodava-se.
O espaço era fantástico!
A festa começava aqui.
Pessoas bonitas e bem dispostas
(alcool... claro, não havia palhaços)
Mas a tão badalada Disco esperáva-nos
e num salto apenas fomos para a rua em euforia.
Assim que virámos a esquina começou a chover.
Hmmm... ir a pé estava fora de questão!
Abrigámo-nos debaixo de um varandim
e aguardámos que viesse um Taxi.
Ouviam-se risos e vozes de mulheres.
Três raparigas, negras como a noite,
mini-saias e tops flurescentes abrigaram-se da chuva perto de nós.
E do nada, homens sequiosos apareciam um a um.
Parecia em poucos minutos a Bolsa de Valores de Hong Kong!
Disputava-se valores numa versão linguística imperceptível.
Afinal, estávamos à chuva numa esquina.
Um belo spot para a prostituição de Oslo!
Taxis nada!
De repente, do meio da chuva surge uma luz
e o tão aguardado Taxi chega.
Assobiei, gritei e saltei para o meio da estrada.
Só queria fugir dali.
Entrámos de rompante
sem nos apercebermos que falávamos em português,
enquanto ainda nos ríamos da situação anterior.
Sacudi o cabelo, passei o gloss,
mas lembrei-me que tinha de dizer a direcção ao taxista.
Ao meu lado já se fazia silêncio.
Ninguém respirava.
Embasbacados olhavam para mim sem pestanejar.
Pensei: "Ok, tenho de ser eu a perguntar ao senhor se fala Inglês."
Inclinei-me para a frente e disse: "Hello! Do you speak English?"
Do outro lado ouço:
"Hellooooo... yes..." e pareceu-me ver então o Smeagol em pessoa agarrado ao volante!
Juro!
O próprio Smeagol ou Gullum ou wathever do filme "O senhor dos aneis".
Um ser atarracado, meio careca, com uma cabecinha muito pequenina e orelhas proeminentes, olhos azuis gigantes e redondos e uns bracinhos de criança de 6 anos.
E a seguir ouço uma vozinha de desenho animado a proferir:
"Where do you want to go?"
Estremeci.
Gaguejei.
Engoli em seco e soletrei o nome da discoteca para onde queríamos ir.
E este pequenino Smeagol-taxista, sentadinho em duas almofadas põe um boné azul e sorri:
"It's not far from here, but we have to go arround because these streets are one way only."
Ainda pensámos saltar em andamento... mas não.
(Glup!)
Andámos às voltas pelo centro de Oslo, ora para cima, ora para baixo.
Passados 15 minutos chegámos ao destino (ou não...)
O Taxi parou e o pequeno Smeagol-taxista tirou o boné, olhou para trás e fez um sorriso de criança inocente:
"Here we are!" - disse numa vozinha de Rato Mickey.
Carregou no seu pequenino computador de bordo (qual Playmobil) e presenteou-nos com uma conta do tamanho de um comboio.
Ainda tentei agarrar as notas por um segundo, mas o pequeno e maléfico ser arrancou-mas da mão com um olhar reluzente.
Para colocar a cereja no topo do bolo, quando saímos do Taxi reparámos que estávamos apenas na terceira rua paralela à do Hotel!
Ok...
Até podíamos fazer queixa, mas que iríamos nós dizer??
"Óh Sr. Guarda, fomos roubados pelo SMEAGOL!!!"
Buááááááááááááááá......
(baseado em factos reais - 2008)