O Futebol é um dos verdadeiros amores dos Tugas.
Seja da 1ª divisão, da distrital ou da regional, todos gostam de torcer pela sua equipa ao vivo e a cores.
Pois... é por essas e por outras que me deixei convencer um dia...
O "Vitórria" ia jogar em casa!
Era a algazarra total!
Tudo se amontoava junto às bilheteiras do estádio.
Era o Zé do talho, a Gilda da mercearia, o Toni mecânico e Jeremias, o pescador.
Todos iam ver o jogo!
Nem que fosse ao encontrão!
A cidade Sadina transformou-se em pouco tempo numa verdadeira festa da sardinha!
Motociclos, Calhambeques, Carripanas e Zundapes Famel amontoavam-se pelas ruas em busca de um buraco para estacionar.
Tudo para ver o Sporting levar nas lonas!
(ou não...)
Eu não fui excepção...
compareci como adepta ferverosa que sou,
com uma pequena diferença...
torcia pelo Sporting... (claro)
Estacionei em cima do passeio ao lado do semáforo (típico) e coloquei o meu cachecol de lagarticha Sportinguista.
Ajeitei o cabelo e caminhei em direcção ao estádio, alegre e confiante.
Ao passar pela carrinha das bifanas os olhares debruçaram-se sobre mim.
Mmmmmm...
Olhei em redor,
nenhum Sportinguista...
Medo...
Esbocei então um sorriso amarelo, fiz boquinhas de loira parola (para os distraír) e corri para dentro do estádio.
Ufa...
A alegria no estádio era contagiante.
Tudo cantava, dançava e gritava.
Era a loucura!
Logo aos primeiros minutos o pior temeu-se...
O Vitória marca!
Bolas!!!
Das bancadas ouviu-se um barulho ensurdecedor.
"Vitórrrrrrrrrrrrrrrrrria! Vitórrrrrrrrrrrrrrrrrria!"
Parecia um ataque bombista seguido de um verdadeiro tremor de terra.
E eu... com o cachecolzinho do Sporting encolhida na multidão.
Só me apetecia gritar... Sporrrrrrting... Sporrrrrting... mas os meus leões tinham-se tranformado nuns pequenos gatos amestrados... humpf...
"Prrrrrrrrrrrrrriiiiiiiiiiiii!!!!"
Intervalo.
Hora do xixizinho (ou da fuga...)
Desci das bancadas inimigas em direcção ao suposto balneário feminino, transformado agora num verdadeiro urinol.
As inimigas estavam lá todas.
Olharam-me desconfiadas.
Franziram sobrolhos e até arregaçaram os vestidos...
mas neste momento já tinha gentilmente deixado escorregar para o chão o meu cachecol de adepta traidora.
Em momentos de guerra temos de ser mais espertos para sobreviver, já diziam os grandes líderes (ou não...)
Assim que as trincheiras se abriram fugi feito louca ainda com as mãos molhadas.
Ufa... foi por pouco...
Quando achei que já estava a salvo... ouvi:
"Psssst... Óh menina!"
Petrefiquei!
Era agora.
Tinham-me descoberto no covil dos lobos.
Já me imaginava apedrejada pelas adeptas furiosas.
Solhas, carapaus e alforrecas.
Valia tudo!
Mas não...
Olhei para trás e deparei-me com um senhor caricatamente vestido.
Bem... eu explico... ou melhor, descrevo pormenorizadamente:
Sujeito alto e espadaúdo, apresentava na altura do acontecimento um fato clássico de cor azul-cueca, com a baínha erradamente subida em + 10 cms; camisa bem engomada com gola sobreposta sobre o blaser, de cor indefinida, mas fugindo para o bourdeaux; bigode à "Errol Flynn", penteado anos 70 com gel a condizer; cigarrilha fumegante; anel proeminente no mindinho a acompanhar com a longa unhaca da jogatana, meias brancas (mas sem raquetes) e bafo de brandi-acervejado-com-tremoços.
Pronto.
"Óh menina, tome este lencinho de seda para secar essas mãozinhas de princesa. Está limpinho."
Ok... pode haver algazarra, sardinhas e choco frito, mas há ou não há cavalheiros, hum?
baseado em factos reais - 2008
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